Ativistas, pesquisadores, advogados, estudantes e familiares de mortos ou desaparecidos participaram neste domingo da 5ª Caminhada do Silêncio pelas Vítimas de Violência do Estado. A caminhada começou em frente ao antigo Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na Rua Tutoia.
O tema do ato foi “Ainda estamos aqui”, inspirado no filme de Walter Salles, premiado pelo Oscar deste ano e dedicado à memória da advogada Eunice Paiva.
O objetivo da caminhada é preservar a memória histórica e combater a impunidade das violências cometidas pelo Estado, tanto no período da ditadura militar quanto na atualidade.
Os manifestantes levaram cartazes com fotos de desaparecidos durante a ditadura e faixas com pedido de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de envolvimento na trama golpista que resultou no ataque de 8 de janeiro de 2023. Os ativistas também reivindicaram a prisão do general José Antônio Belham, apontado como um dos responsáveis pela morte do deputado federal cassado Rubens Paiva.
São Paulo (SP) 06/04/2025 – 5ª Edição da Caminhada do Silêncio pelas vítimas de violência do Estado, próximo ao Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos no Parque Ibirapuera. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
O ato terminou no Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, no Parque Ibirapuera.
A mobilização foi organizada pelo Movimento Vozes do Silêncio, representado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, Instituto Vladimir Herzog e a Organização dos Advogados do Brasil (OAB-SP). Conta ainda com apoio de diversas organizações da sociedade civil, como a Anistia Internacional Brasil, a Comissão Arns e a União Nacional do Estudantes (UNE), além do mandato do deputado estadual Antonio Donato (PT), autor da lei que incluiu o evento no calendário oficial da cidade de São Paulo.
São Paulo (SP) 06/04/2025 – 5ª Edição da Caminhada do Silêncio pelas vítimas de violência do Estado. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
A coordenadora de Memória, Verdade e Justiça do Instituto Vladimir Herzog, Lorrane Rodrigues, acredita que a caminhada contribui para o debate sobre a cultura de violência para além do contexto da ditadura militar.
“Esse ano estivemos mais próximos de coletivos e movimentos que fazem essa discussão no Brasil contemporâneo. Sentimos o apoio das pessoas, da comunidade, para realizar essa caminhada como esperávamos. E assim a gente marca mais um ponto nessa história”, avalia Lorrane.
O diretor-executivo do Núcleo de Preservação de Memória Política, Maurice Politi, ressalta a presença na caminhada de mães de jovens mortos pela Polícia Militar. Ele lembra que o ato marca os 61 anos da ditadura e, por isso, foi realizado no primeiro domingo depois das datas relacionadas ao início do golpe (31 de março e 1º de abril).
“A caminhada também cumpre o papel de reunir sobreviventes desse período, além de familiares de mortos e desaparecidos”, destaca Politi. “Tivemos a presença da Vera, filha do Rubens e Eunice Paiva, da procurador Eugênica Gonzaga, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, e de vários artistas.”